domingo, 3 de agosto de 2008

A PRIMÁRIA NA ESCOLA PÚBLICA

A escola primária era numa aldeia muito pequenina, duas professoras para as quatro classes, derivado á falta de alunos

Chegou a primeira classe, complicado ele não queria ficar sozinho, então ficava o pai sentado um bocadinho ao pé dele até ele se começar ambientar, depois já o pai vinha embora e ele não se importava
Aí começa as idas constantes á casa de banho, o fazer chichi, o lavar as mãos, o cuspir (as ditas asteropatias), isto tudo só para não estar tanto tempo sentado, porque não consegue devido á hiperatividade dele
Todos os dias quando a avó ia buscar o Nuno perguntava como tinha corrido, a resposta era sempre a mesma, muito mal estava sempre a perturbar a aula, e não brincava com as outras crianças, isolava-se

Eu por minha vez percebia que algo estava mal, o não conseguir estar sentado como as outras crianças, o não brincar, o isolar-se não era normal então fui á medica de família pedi um P1 para marcar consulta no pediátrico para me ajudarem

No pediátrico tanto andei de médico para médico , que cheguei a um pédopsiquiatra dr.Aníbal, medicou o Nuno com (risperdal, tompomax,e era outro ansiolitico) escreveu cartas para as professoras que elas pura e simplesmente ignoraram, aonde ele referia a medicação que o Nuno estava a tomar e como tinham que lidar com ele

Na escola a situação continuava complicada, ao ponto para o Nuno não ir á casa de banho meteram um balde ao pé dele para fazer chichi (á frente dos colegas que é muito grave), o que a avó viu e não gostou
Entretanto vai para a escola um moço que estava a fazer uma tese,(estava a estudar para assistente social) e telefonou-me a perguntar se podia falar connosco sobre o Nuno, disse que sim tudo o que fosse para ajudar o Nuno nós estávamos sempre á disposição, então falou-nos que tinha andado a observar o Nuno nos intervalos e via que ele era um menino diferente que não brincava e isolava-se, perguntou-nos se já tínhamos ouvido falar sobre o síndrome de asperger,que o Nuno era muito parecido com essas crianças

Entretanto numa das consultas eu confronto o médico com essa questão aonde ele me responde "não vamos por aí mas se for"e eu respondi-lhe ele é meu filho só quero que o dr. me diga como hei de lidar com ele, a partir desse dia nunca mais me consultou, meteu o Nuno numa unidade de dia a fazer terapias (todas as quintas feiras da parte da manhã)

Na escola as coisas não estão faceis, os pais das outras crianças virados contra nós, tudo de mau que acontece era sempre o Nuno, as professoras continuavam sem saber lidar com a situação, começa o nosso cansaço tentamos mudar o Nuno de escola, mais uma complicação ninguém aceitava o Nuno porque o Nuno já era conhecido por ser uma criança complicada
Recorremos ao particular como era a pagar pensámos que seria mais fácil para ele e para nós, então muda de escola vai para o colégio Alexandre Herculano e como estava perto da pédopsiquiatria óptimo pensámos nós

Quando faço a transferencia do meu filho a professora entrega-me o dossier dele para entregar na outra escola, eu achei o volume muito pequenino de três anos e como a curiosidade mata antes que eu morre-se abri com cuidado aonde me deparo com uma carta escrita pela directora da escola, aonde ela não pode pôr os pais mais abaixo diz na tal dita carta que nós éramos uma família mal estruturada, os medicamentos que nós dávamos eram drogas, que o Nuno não tinha problemas o pai é que tinha, aí começa um dos primeiros processos contra a professora na drec, até que ela vêsse obrigada a escrever uma carta a pedir nos desculpa

Depois ele entra no tal colégio mas como ainda há muito para contar fica para o próximo post

Vou passando e escrevendo

Muitos beijinhos do tamanho do Mundo

23 comentários:

Carecaloira disse...

Amiga,

e eu vou passando e compreendendo tudo.
Estarei sempre ao vosso lado.
Os amigos são para o bom e para o mau.

Bom Domingo
Beijoca nublada
Marina

Anónimo disse...

HÁ UM OLHAR

Este seu amigo é professor de atitude musical e pela minha mão já passaram algumas crianças com o síndrome de Asperger.

Sei que na escola, se é desejável que estas crianças estejam integradas, também é fundamental que tenham um acompanhamento específico:

Integradas numa sala de aula de referência digamos, normal, elas devem, em simultâneo, ter um espaço comum onde sobre elas haja um olhar especializado que as acompanhe e ao seu percurso e desenvolvimento escolar também!

Numa escola pública em que em tempos trabalhei, era assim que se procedia e actividades como a música ou as artes, essas eram implementadas no contexto integrado da saula de aula.

Estou em crer que as artes são sempre alternativas susceptíveis de potenciar a aprendizagem e o desenvolvimento e por demais nestes casos!

A esses meus alunos, que os tive, como disse, tratava-os como a todos os outros e sempre que neles via qualquer coisa de inesperado no seu comportamento, não perdia a ocasião de o sublinhar em proveito do próprio e do conjunto dos seus colegas!!!

Um belo dia, perguntei a um desses meus alunos, o que via ele no Sol?

E ele respondeu-me:

- O Sol é uma janela!

É claro que nenhum dos outros me deu resposta equivalente que fosse mas o que esse meu aluno me disse, para mim, foi suficiente para lhe dar toda a razão ...

E não é que é mesmo, não é que o Sol é um corredor de luz que olhado de esguelha e como o fazem muitos dos afectados pelo síndrome de Asperger sem serem capazes e no caso muito bem (!), de fixar a vista prolongadamente e tendo-a sempre em movimento constante, não é que o Sol é mesmo uma janela!?

Foi o que lhe disse e sublinhei que tendo-me ele calado, lhe dava inteira razão!

O Sol é uma janela que nos mantém à vista e que nos conduz, sabe-se lá até onde ...

Emudeceu-me esse meu aluno e ... calou-me.

É preciso saber olhar!

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Agosto de 2008

To e Li disse...

Olá Paula!
Agora compreendo o seu sofrimento, não deve ser nada fácil para si passar por tudo isto, fez muito bem criar este blog, pois ao escrever está a exteriorizar todas as suas emoções, e ao partilhar a sua experiência de vida que seja útil para alguém que neste momento se encontre na mesma situação
Não compreendo como ainda se passam episódios desses nas escolas sejam elas públicas ou privadas.
Não aceito que ainda existam professores que procedam dessa maneira, é lógico que são crianças que precisam de mais atenção mas que devem ser tratadas com igualdade.
O que relata aqui é muito forte e imagino o que tem sofrido, mas tenha fé que tudo se vai resolver pelo melhor.
Continue a lutar para que o Nuno tenha os seus direitos, não esmoreça, a vida as vezes é um pouco injusta, mas Deus põe-nos muitas vezes á prova para ver como conseguimos superar.

Muitos beijinhos MÂE CORAGEM
Linda

Mrs. Sea disse...

Paula,
Infelizmente hoje em dia formam-se professores porque é um curso acessível e qualquer um pode fazê-lo, quando só deveriam ser professores aquelas pessoas que na realidade têm vocação para tal... Eu tenho formação profissional de professora, embora não exerça por motivos de "leis estúpidas deste governo" (sou uma dos não sei quantos professores a não exercer), mas se tivesse a sorte de estar a dar aulas e se me deparasse com um aluno com determinadas características faria de tudo para poder chegar até ele, ajudá-lo de alguma forma... No meu ano de estágio, não tive situações destas, mas de uma turma "recorrente" onde 90% eram repetentes e com más notas e sem interesse pela escola, fiz dessa turma uma turma interessada e com vontade de chegar mais longe... E muitos outros professores só "vendiam aulas" (termo que ouvia muitas vezes na sala dos professores)...
Não estou a dizer que sou a maior, mas sim que cada professor precisa descer do seu "pedestal" e aproximar-se de cada aluno para ajudá-lo a chegar o mais longe possível...
Para o seu filho só espero que ele encontre um professor que o ajude a chegar mais longe!
Bjins e muita força!

Albertina disse...

Olá Paula
Infelizmente em todas as profissões há gente boa e má. Pelos visto o Nuno teve muito azar com quem encontrou no seu já tortuoso caminho.
O mais importante é ter, em casa, os apoios que lhe vão faltando por fora. E sinto que a família está disposta a ajudá-lo e ampará-lo na caminhada.
Calculo que a sua vida não seja fácil e que questione, por vezes, a justiça Divina, mas lembre-se sempre que "Deus escreve direito por linhas tortas" e ao dar-lhe o Nuno sabia que a Paula era a pessoa certa para o receber...
Por isso - FORÇA!
Continue a contar o percurso do Nuno, mas não se esqueça de falar de si.

beijos

Albertina

Branca disse...

Paula,

Olá, vim agora do meu e-mail, estou aqui, não estou perdida, a menina agora tem um blog, vim cá duas vezes no post anterior, sabe que não me esqueço de si, já passei por cá hoje, no emprego tem sido difícil, tempo antes de férias e assuntos urgentes. Tenho andado pelos blogues de todos, embora neste momento mais dedicada ao Jorge. Hoje tive boas notícias dele, está a melhorar de dia para dia. Também já andei pela Marina, mas tal como aqui não pude escrever. Agora tenho que sair e mais loguinho venho ler o seu post e comentar.
Fique bem.
Beijinhos.
Branca

paula disse...

faço minhas as palavras do Jaime...
beijinhos de luz
paula padinha

Carecaloira disse...

Amiga,

estou tão triste, o blog do Salvador acabou...
É urgente criarem o novo de que o Salvador já tinha falado. Onde é que agora vamos buscar esperança? Quem nos irá dar força para acreditarmos?
Sabes bem que sempre acreditei porque eles me fizeram acreditar, e agora onde é que me agarro quando tiver a consulta? E os novos amigos, onde vão buscar palavras de conforto??

Desculpa, mas hoje fiquei de todo!!

Beijos

Branca disse...

Paula, li com muita atenção tudo o que aqui escreveu, infelizmente é o país que temos, as pessoas não são bem formadas o suficiente para aceitar situações diferente ou para arranjar soluções, mas mais que toda a gente a principal responsabilidade é do estado que sucessivamente tem feito reformas no ensino que não têm conduzido a lado nenhum, reformas mal estruturadas e pensadas nos gabinetes, depois na prática é o que se vê.
Vou acompanhando, mas já estou a ver o quadro e sei quanto é difícil para os pais, sobretudo nesta sociedade tão competitiva.

Agora quero dizer outra coisa:
É assim, eu estou sempre por aqui e estarei, também pela Marina, pelo Jorge e por todos os que me solicitarem por mail, muitas pessoas que vão andando por aí sabem disso, outros que me telefonam também, acho que vos posso dar mais força nos vossos blogues, podemos desenvolvê-los, torná-los mais autónomos e Marina a menina é uma pessoa de uma força infindável, já a tinha, mesmo nos seus momentos mais críticos era a menina que dava força aos outros. Vou estar sempre pelo seu sítio, é por pessoas maravilhosas como vós que me custou deixar a Catedral, porque foi também a oportunidade que tive de os conhecer a todos, mas realmente começava a sentir-se que um dia destes tudo se ia desvirtuar. Não podemos olhar aquele sítio como um sítio mágico que resolve todos os problemas, no fundo todos iam buscar força à força do Salvador, mas ele é humano e acredito que um dia destes há-de dizer alguma coisa.
Adoro-vos a todos, mas se bem que nunca o tenha dito, as solicitações são muitas por mail, telefone, blogues, etc, cada um não sabe quantos outros nos esperam, eu própria estou à Toa, com o correio até ao tecto, com horas de sono a menos, a trabalhar sem cabeça, por dormir 5h, às vezes 4h, então parece-me que será mais humano e justo para todos vir aos vossos blogues, dirigirmo-nos apenas a vós. Estamos aqui para partilhar problemas, darmos ânimo uns aos outros. Quem sabe um dia os que agora dão também vão precisar e é bom que falem directamente connosco, para quê irmos a outro sítio para voltarmos a falar uns com os outros?
Aqui é que vemos e veremos quem nos apoia, aqui veremos que sendo anónimos não estamos a colher protagonismos, mas a darmo-nos de alma e coração.
Aqui, como na Marina, como no Jorge, como no sítio da Graça ou da Maria ou de todos os outros (desculpem os que agora não lembro) há sempre um sítio onde ir buscar força. Há poucos dias descobri que o André Moa para além dos blogues mais visíveis também tem um onde conta o diário da sua doença, é tão fácil descobrir e isso tudo descobre-se mais fácilmente não estando tão preso à Catedral.
Marina, quando tiver a nova consulta fale no seu sítio, iremos lá dar-lhe a força de que quer sentir, os novos amigos...pois só estou triste porque realmente isso é algo que teremos que resolver e também me parece que o Jorge nem imagina o que vai encontrar e também vai ficar triste, mas ele está a construir um sítio fantástico e muito bonito.
Vamos conversando e vamos arranjando uma solução.
Gosto muito de vós.
Beijinhos
Branca

Anónimo disse...

Cá estou eu Marina no meio da tarde uns vão ao tal café eu venho aqui dar-lhe um grande beijinho e Força.

Não os deixo porque já o disse gosto muito de vocês

PV A V/Locomotiva

SQMA disse...

Olá Paula,

Não deve ser nada fácil, sabe o que diz a minha mãe muitas vezes:
Cada um com a sua cruz!!!
E é um pouco isto, todos nós temos momentos bons e outros menos bons, acredito que a Paula com essa força conseguirá encontrar sempre os melhores caminhos para o Nuno percorrer.
Isso faz de si uma Mãe, das muito que conheço, que se escrevem com "M".

Quanto a mim estarei sempre aqui para o que for necessário, para os bons e maus momentos, já disse e repito:
Vim para ficar...(também é para ti Marina)

Beijinhos
Dani

Deixo o meu endereço eletrónico para os que ainda não o têm.
daniela9598@gmail.com

Anónimo disse...

Peço desculpa Paula enganei-me

A idade não perdoa

Pedro Ventura

Elisabete disse...

Amiga,

Definitivamente, este não foi um dia dos melhores, mas aquilo com que se construiu a Catedral, é algo forte demais, para acabar assim.
Não acredito que seja o fim.
Já chorei hoje, e muito, mas neste momento, tenho a certeza que não é o fim.
Amanha será um novo dia. Espero-o mais colorido.

Beijinhos

P.S. Hoje, não tive tempo de ler o teu pots, mas prometo faze-lo amanha e depois comenta-lo, ok?

João Videira Santos disse...

Como alguém escreveu...Vou passando e compreendendo. Até ao próximo post. Abraço

Albertina disse...

Paula
Desculpe-me por utilizar este seu espaço para falar de uma coisa que não tem (directamente) a ver consigo.

Caras amigas e amigos catedralistas:

Não me conhecem de lado nenhum. Comentei uma única vez na catedral e podem acusar-me de me estar a "meter onde não sou chamada".
Tenho sido, ao longo dos ultimos dois meses, mera "observadora" (que me desculpe o original) do que aquele blog representa. Fui-me aproximando de alguns dos seus membros que, por razões específicas, me deram a honra de comigo se corresponder particularmente. Outras pessoas, como a Branca, a Dani, a Elisabete, a Linda e a Paula (desculpem se esqueço alguem) têm frequentado a casa do Jorge - que neste momento precisa do nosso carinho. A Marina, não a "conheço", mas acompanho a sua história desde que comecei a ir à Catedral.
Agora, o que interessa: Essa tristeza toda que leio nos vossos textos...
Então, gente boa???
Acabou a Primavera? (é que nem uma andorinha morreu...)
O objectivo primeiro da Catedral (dar conta do dia a dia da doença do Salvador) foi cumprido!
Nova vida começou e com ela algumas "casinhas" onde podem encontrar-se, trocar experiências, rir, chorar...
Ou então (seguindo o conselho da sempre ponderada Branca) arranjar uma solução...
Não acabou nada, amigos! Começaram amizades, cumplicidades, abraços fraternos...
Bem haja Salvador por ter começado esta "onda".
E a vocês, amigos Catedralistas, só tenho que pedir que continuem como são, porque são Boa Gente!

Beijinhos

Albertina

Elisabete disse...

Bom dia Paula!

Passo apressada para deixar um beijinho. Mais tarde venho cá com mais calma. Ok?

Branca, eu também continuarei por aqui, neste e noutros cantinhos. Obrigada pela sua generosidade.

Albertina, obrigada pelas suas palavras. Tem se revelado uma boa amiga.

Beijinhos para todos do tamanho do mundo.

Elisabete

Graça Lopes disse...

Estou chocada!
Penso que a Paula e o Nuno tiveram tremendo azar com os profissionais que encontraram, tanto a professora como o médico que o chamou cobrinha!
Mas não desanime. Vamos pedir aos anjos que coloquem no caminho do Nuno quem de direito. Não vamos desanimar!
Sou professora e estou envergonhada por haver profissionais tão incompetentes. também não tive formação para lidar com alunos "diferentes", o que deveria ser obrigatório, mas penso que com uma boa dose de carinho e compreensão as barreiras seriam ultrapassadas.
Um beijão.

Branca disse...

Boa noite Paula,

Hoje andamos um pouco perdidas, vimos da festa do Jorge, lá no Giórgio e queria só vir dar-lhe um beijinho de boa noite.
Branca

Carecaloira disse...

Bom dia amiga,

olha eu só vim agora, como não estou a trabalhar aproveitei para ficar até ao fim da festa e ajudar a arrumar tudo.

Espero que hoje tenha nascido um novo sol para ti.

Beijo grande

Albertina disse...

Olá Paula

Que rica festa tivémos ontem! Andei todo o dia a chás...
E agora passei por aqui para ver se havia mais um post... Então? Vamos a escrever, amiga!

Beijos e boa noite

Albertina

Elisabete disse...

Boa noite Paula,

Passo para deixar um beijinho.
Hoje vou-me deitar mais cedo, para compensar a noitada de ontem na festa do Jorge.

Desejo-te TUDO e NADA:
TUDO o que te faça feliz e NADA que te faça sofrer.

Beijinho

Elisabete

To e Li disse...

Boa noite Paula!!!
Passei só para deixar beijinhos
Uma jokita para o Nuno

Linda

Tininha disse...

Passei para saber se estava tudo bem.
Beijocas